Papa Francisco diz que seu reinado será breve e que não se sente só

O Papa Francisco gesticula ao falar a cardeais durante início de consistório nesta quinta-feira (12) no Vaticano (Foto: Andreas Solaro/AFP)

O Papa Francisco confessou que tem a sensação de que seu pontificado será breve, de quatro ou cinco anos, e que não se sente sozinho e sem apoio para governar a Igreja.

Em uma longa entrevista exclusiva com a correspondente da televisão mexicana Televisa, Valentina Alazraki, por ocasião de seu segundo ano de pontificado, o santo padre falou sobre sua eleição, dos escândalos, de seus limites como pessoa, de sua visão do papado, do México, da imigração e até brincou sobre o “ego” enorme dos argentinos.

“Tenho a sensação que meu pontificado será breve. Quatro ou cinco anos. Não sei, ou dois, ou três. Pelo menos dois já passaram. É como uma sensação vaga. É como a psicologia de quem joga e acredita que vai perder para não se desiludir (…) Tenho a sensação de que o Senhor me colocou aqui para uma missão breve”, confessou.

Francisco, de 78 anos, descarta um limite de idade ao pontificado já que considera que “o papado tem algo de última instância”, e que não deve ter um término fixado.

Francisco também surpreendeu com uma brincadeira sobre o ego dos argentinos e confessou que não gosta muito de viajar, que é muito apegado a seus hábitos e voltou a criticar a Cúria Romana, a poderosa máquina central da Igreja, alvo há anos de intrigas e escândalos financeiros.

O Papa afirmou que “não se sente sozinho” e aproveitou para acabar com a polêmica com o governo do México provocadas por um e-mail privado a um amigo onde pedia que evitasse a mexicanização da Argentina à respeito da violência do narcotráfico.

Segundo ele, o narcotráfico que mantém o México em uma espiral de violência é responsabilidade de todos e culpar apenas o governo “é a resposta mais simplista”.

Ao fazer uma reflexão sobre as sangrentas repercussões do tráfico de drogas no México o Papa se perguntou: “Quem tem a culpa?”, uma pergunta que, sugeriu, a maioria das pessoas responde apontando o governo.

Da redação do Blog do Emanoel Cordeiro/O Globo