‘Economist’ diz que Dilma decepcionou o país, mas quem quer tirá-la do poder é pior

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‘A traição do Brasil”. Assim a revista britânica “The Economist” se referiu ao momento político por que passa o país em sua mais recente edição. Uma foto do Cristo Redentor de braços erguidos, segurando uma faixa em que está escrito SOS, ilustra a capa da versão da revista distribuída para a América Latina desta semana. Na reportagem, a publicação diz que a presidente Dilma Rousseff “decepcionou” o país, mas classifica como “alarmante” o fato de que as pessoas que estão trabalhando para sua saída serem “piores que ela”.

A publicação lembra que o PMDB, partido do vice Michel Temer, está comprometido no esquema de corrupção da Petrobras, assim como o PT de Dilma. E cita o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de envolvimento no esquema. A revista faz menção a adjetivos usados pelos deputados durante a votação do processo de abertura do impeachment na Câmara, no domingo passado, para se referir a Cunha, como “gangster” e “ladrão”.

Segundo a “Economist”, se Temer assumir a presidência em caso de aprovação do impeachment pelo Senado, deve trazer alívio econômico passageiro, já que “ele sabe como fazer as coisas em Brasília” e seu partido tem mais trânsito entre os empresários. Mas não será a solução, pois “a corrupção está espalhada entre muitos partidos brasileiros”. Segundo a revista, 60% dos parlamentares são acusados de crimes.

“O que é alarmante é que aqueles que estão trabalhando para a saída de Dilma são, em muitas formas, piores do que ela”, diz a “Economist”. “O fracasso não é apenas de Dilma. Toda a classe política decepcionou o país por meio de uma mistura de negligência e corrupção. Os líderes do Brasil não ganharão de volta o respeito dos cidadãos nem vão superar os problemas econômicos a não ser que façam uma limpeza geral”.

Da redação do BLOG do Emanoel Cordeiro/Agência O Globo